Quando It – A Coisa foi lançado em 2017, o público e a crítica se depararam com um dos filmes de terror mais aguardados e comentados da década. A adaptação do famoso romance de Stephen King, publicado em 1986, trouxe o palhaço assassino Pennywise de volta às telonas em uma produção que conseguiu capturar o horror visceral da história original, modernizando-o para uma nova geração. Dirigido por Andy Muschietti, o filme se tornou um marco no gênero de terror e, até hoje, é lembrado tanto pelo seu impacto cultural quanto pelo sucesso comercial massivo.
A História de “It” e o Terror de Derry
O enredo de It – A Coisa gira em torno de um grupo de sete crianças de uma pequena cidade fictícia chamada Derry, no Maine, que se autodenominam O Clube dos Perdedores. Ao longo do verão de 1989, essas crianças enfrentam seus maiores medos enquanto tentam derrotar uma entidade malévola que assume a forma de um palhaço chamado Pennywise (interpretado de maneira aterrorizante por Bill Skarsgård). Pennywise, uma manifestação física do mal, caça crianças e manipula suas mentes, alimentando-se do terror que as consome.
Embora o palhaço seja o rosto do mal, a entidade que aterroriza Derry é algo muito mais antigo e sinistro, vindo de uma dimensão além da compreensão humana. A narrativa entrelaça momentos de puro horror com o drama da infância, mostrando os desafios e traumas que cada criança enfrenta em sua vida cotidiana, além do monstro sobrenatural que ameaça suas vidas.
A Adaptação de Andy Muschietti: Uma Nova Abordagem
Uma das grandes conquistas de It – A Coisa de 2017 foi o sucesso de sua adaptação em relação ao material original de Stephen King. Ao contrário do filme de 1990, estrelada por Tim Curry como Pennywise, a versão de Andy Muschietti optou por dividir a história em duas partes, focando primeiramente nas crianças em sua juventude. Essa escolha permitiu um desenvolvimento mais profundo dos personagens e deu ao filme uma sensação de coesão narrativa que estava faltando em outras adaptações.
Muschietti foi capaz de equilibrar elementos clássicos de terror com uma construção emocional genuína, algo que poucas adaptações de King conseguiram fazer com sucesso. Ele modernizou os temas do livro para ressoar com o público contemporâneo, ao mesmo tempo em que manteve a essência da história: a luta entre o bem e o mal, a amizade, o trauma e a perda da inocência.
Pennywise: O Palhaço que Redefiniu o Terror
Uma das maiores curiosidades e discussões prévias ao lançamento do filme foi a escolha de Bill Skarsgård para interpretar o icônico Pennywise. Muitos fãs ainda tinham a performance de Tim Curry como o palhaço na memória, o que elevou as expectativas sobre como a nova versão se sairia. Contudo, Skarsgård rapidamente provou ser a escolha perfeita.
A versão de Pennywise apresentada por Skarsgård é mais jovem e perturbadora, com uma aura de ameaça latente em cada movimento. Enquanto Curry optou por uma performance mais teatral e exagerada, Skarsgård trouxe uma fisicalidade e uma estranheza sinistra ao papel, complementada por uma maquiagem que evoca o terror infantil e uma atuação sutilmente ameaçadora. O sorriso distorcido e os olhos desiguais de Pennywise, muitas vezes realizados sem efeitos digitais, contribuíram para criar uma das figuras mais assustadoras do cinema moderno.
O Sucesso de Crítica e Público
It – A Coisa se tornou um sucesso instantâneo. Com um orçamento de aproximadamente 35 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 700 milhões globalmente, tornando-se o filme de terror de maior bilheteria da história até então. O sucesso foi amplamente atribuído à combinação de um elenco jovem talentoso, efeitos práticos impressionantes e uma direção que equilibrou magistralmente horror, nostalgia e emoção.
A crítica também foi bastante positiva, destacando o trabalho de Muschietti em modernizar a obra de King sem perder seu núcleo emocional. Muitos críticos elogiaram a forma como o filme soube capturar o horror não apenas do monstro sobrenatural, mas também os terrores reais enfrentados pelas crianças em suas vidas diárias, como o abuso, o bullying e o luto.
O Clube dos Perdedores: Elenco Jovem em Destaque
O sucesso de It também foi muito impulsionado pela química entre os membros do Clube dos Perdedores. O elenco jovem incluiu Jaeden Martell (Bill Denbrough), Finn Wolfhard (Richie Tozier), Sophia Lillis (Beverly Marsh), Jeremy Ray Taylor (Ben Hanscom), Chosen Jacobs (Mike Hanlon), Jack Dylan Grazer (Eddie Kaspbrak) e Wyatt Oleff (Stan Uris). Cada um dos atores trouxe vida aos personagens, criando uma dinâmica convincente e relacionável.
A amizade entre os Perdedores é o coração da história, e o filme conseguiu transmitir isso de maneira autêntica. Mesmo em meio ao horror crescente, os momentos de leveza e camaradagem entre as crianças foram essenciais para equilibrar o tom sombrio da narrativa.
Curiosidades do Filme
1. Divisão em Duas Partes
Como mencionado anteriormente, It foi planejado como uma história em duas partes. O filme de 2017 foca apenas na infância dos protagonistas, enquanto a segunda parte, It – Capítulo Dois (2019), mostra os personagens adultos retornando a Derry para enfrentar Pennywise mais uma vez.
2. A Performance de Bill Skarsgård
Bill Skarsgård trouxe toques próprios para sua interpretação de Pennywise. O ator conseguiu mover seus olhos independentemente, um detalhe que adicionou uma camada extra de desconforto à sua atuação. Além disso, o sorriso distorcido de Pennywise é natural, algo que Skarsgård descobriu que conseguia fazer ainda criança.
3. Mudanças Temporais
No romance original de Stephen King, a história se passa nas décadas de 1950 e 1980. Para o filme de 2017, os eventos da infância foram movidos para o final dos anos 1980, aproveitando a onda nostálgica por essa década que dominou a cultura pop nos últimos anos, especialmente após o sucesso de séries como Stranger Things (que também contou com Finn Wolfhard no elenco).
4. O Livro de Stephen King
Publicado em 1986, It é uma das obras mais longas de Stephen King, com mais de 1.100 páginas. A complexidade do romance sempre representou um desafio para adaptações, com várias camadas de história, desde o terror de Pennywise até as complexas jornadas internas dos personagens. O filme de Muschietti, apesar de condensar elementos, soube traduzir com maestria o clima de terror psicológico que permeia o livro.
5. Cena do Esgoto
Uma das cenas mais icônicas do filme — e do livro — é o encontro entre Pennywise e Georgie, irmão mais novo de Bill, no esgoto. A frase "Você flutuará também" se tornou sinônimo do filme, destacando o terror disfarçado na figura de um palhaço amigável.
O Legado de It – A Coisa
Com seu sucesso colossal, It – A Coisa não apenas revitalizou o terror nas bilheterias, mas também reafirmou a importância das histórias de Stephen King no cinema. O filme trouxe uma nova geração de fãs para o mundo do autor, ao mesmo tempo em que homenageou os elementos clássicos de horror que fizeram de King um mestre do gênero.
It – A Coisa de 2017 se destacou por equilibrar horror e emoção, trazendo uma complexidade inesperada para um filme de terror. Com uma atmosfera cuidadosamente construída, performances poderosas e uma direção que entende os medos mais profundos da infância, o filme se tornou um clássico moderno do gênero.
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